Alguns, mais místicos, se assustam e
desistem, preferem sua simples fé ou sua imaginação, dentre estes, há os que se encantam
pelas imagens e transformam-se em idolatras;
Outros,
mais neuróticos, se apaixona pelo estudo sistemático, assumem uma teologia "objetificada",
transforma-se em cristãos dogmáticos, racionalistas e gnósticos. Muitos, não se
dão conta que trocam a fé cristã, pela fé em idéias científica e filosóficas (ideologias),
praticando uma textolátria;
Há
ainda aqueles que se encantam por um momento e não conseguem articular com a
dimensão mística da fé, e ai, vem as frustrações e com o tempo abandona a
crença racional dogmática e tornam-se agnósticos.
Desses agnósticos surgem dois tipos: os passivos
ou descrente em discursos teológicos que voltam à uma pratica simples da fé e, os ativos, aqueles que passam à uma
produção sistemática de uma teologia anti-racionalista ou teologia-negativa,
estes últimos são uma espécie de racionalistas críticos ou anti-racionalistas
da fé;
Desses dois últimos, os gnósticos e agnósticos,
podem surgir os que desmitificam a fé e
aniquilam também a dimensão sobrenatural, de tal modo, que se transformam em
ateus. Há ateus do tipo gnóstico que trocam a fé em Deus pelas idéias
de "objetividade" e exclusiva das ciências empíricas e filosofia
materialista e, ateus do tipo cético que pensa que tudo não passa
de uma construção cultural.
Claro
que a teologia não é o ponto central de frustração de uma pessoa que passa á
assumir uma postura ateísta, geralmente, o fundamento das decepções com a fé são fatores
de experiências pessoais e até inconscientes mas, não podemos negar à possibilidade do estudo da teologia participar de tal crise.
Essas crises podem ocorrer porque muitos iniciantes não são avisados nos seus primeiros
passos na teologia que, o estudo do
sagrado ou das coisas divinas, sem a dimensão da fé, trata-se apenas de
mitologia ou estudo do discurso mitológico e não teologia, pois, somente a fé
aceita o sobrenatural.
Podemos até por postura intelectual de caráter modernista, num estudo
de nível especulativo de teologia racionalista, suspender
temporariamente a fé, mas, após tal estudo, cabe ao cristão
decidir se tal reflexão será mantido como discurso hipotético especulativo
ou aplicar na vida cristã. Caso pretenda expor suas reflexões a
comunidade, deve fazê-la de maneira responsável identificando
suas intenções e objetivos ou no caso de visar fins instrucionais
e evangelísticos, o cristão, necessita por natureza ética
e identidade cristã, submeter seus estudos e pensamentos sob o crivo da
fé cristã.
Ressaltamos essa relação necessária entre a fé e a teologia, pois temos
percebido um deslocamento do lugar de legitimação do discurso teológico
cristão que, com a modernidade e o fenômeno da hiper-racionalização da
teologia, marginalizou a fé e centralizou como fundamento, o testemunho e a
autoridade das correntes filosóficas e científicas, dado as mudanças no
conhecimento e na sociedade.
Para piorar a crise, com o surgimento de novos grupos sociais, com seus modos de
ser e estar; marcados por um caráter cada vez mais pluralista,
tecnocrata, consumista, efêmero e espetacularizado, demandam dos discursos
teológicos, um alinhamento estético-ético, estimulando uma produção mercadológica
que agrade tal demanda, tal como: teologia gay, teologia da prosperidade,
teologia ecológica, etc.
Essas transformações no discurso teológico foram tão grande, que certas
teologias, foram além dos extremos do racionalismo e do cientificismo, deslocou-se do seu campo teológico de modo que parecem ocupar outros campos como: das
ciências das religiões, dos estudos mitológicos, e no pior dos casos, o campo do
marketing religioso, tal foi seu desvio da fé e de sua dimensão do
sobrenatural; caráter fundamental e inegável da revelação cristã e consequentemente de uma teologia cristã.
Para evitar tais desvios é preciso assumir que a fé é o lugar da legitimidade
do discurso teológico cristão e não a filosofia, as ciências ou o mercado. Fica
aqui uma fala de Paulo aos Coríntios:
"
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em
Deus, para destruir fortalezas; Anulando sofismas e toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de
Cristo."
2 Coríntios 10.4,5
Até a próxima!
Marcio F. A.
Miyazato. é Professor e Teólogo. Fundador da Teologia Trans-histórica. Formado em
Pedagogia, Graduando em teologia pela FAETESF e pós-graduando em Semiótica
Psicanalítica pela PUC-SP